Que os museus sacralizam tudo aquilo que comunicam, já sabemos. Entretanto, o que vemos nos museus hoje é reflexo das incontáveis revoluções nos campos da arte, da museologia e da cultura.
Talvez eu tenha que dar alguns passos atrás... Quando foi a primeira vez que você viu uma obra de arte original na parede de um museu? O que você sentiu?
Eu lembro da minha primeira vez, aos 15 anos, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) a convite do mestre Silvio Alvarez. Essa foi a primeira oportunidade que tive de materializar as imagens que tinha visto por anos nas apostilas da escola e na televisão. Talvez, essa foi a primeira vez que senti minhas fronteiras se alargarem e um admirável mundo novo florescer.
Nunca saberemos quais serão os nossos sentimentos ao nos depararmos com uma obra de arte, pode ser felicidade, encantamento, ternura, esperança, compaixão, raiva, medo, nojo, horror, ódio... e tantos outros, ou simplesmente, nada pode acontecer. O inesperado e inexplicável é o que mais me encanta na arte, sobretudo, a possibilidade de acessá-la.
Voltando ao nosso primeiro parágrafo, nem sempre a arte foi democrática, pelo contrário, quase sempre ela foi para poucos que dominavam o poder. Este processo de ter museus abertos ao amplo público, gratuitos e com obras de arte que comunicassem com os grupos minoritários, ganha força na década de 1970, com os movimentos da Nova Museologia.
A arte tem que ser democrática, seja na linguagem ou no acesso, pode ser que você ame, odeie ou não sinta nada, mas que seja possível seu mergulho neste universo. Sinto que demorei para ver um quadro na parede de um museu, entendo que há pessoas que nunca viram, espero que um dia tenham essa oportunidade e que, enquanto sociedade, tenhamos consciência de que o acesso à cultura é um direito fundamental.
Publicado no Painel da Cidade de Joanópolis, Revista Digital, maio, edição 05, 2024. https://paineldoempreendedor.com.br/revistas/
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