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Existe "turismo virtual"? Sim ou Não?

Lembro-me muito bem que esse era um dos temas mais debatidos durante minhas aulas de turismo, e agora, com a COVID-19, o tema voltou ao destaque. Afinal, existe “turismo virtual”?

Imagem retirada da Internet
    As tecnologias vem revolucionando o modo com o qual compramos, estudamos, pesquisamos, nos entretemos e relacionamos com as pessoas e com o mundo. O turismo, por conta da tecnologia, vem crescendo muito, de maneira absurda (agora com a pandemia sabemos que deu uma segurada).

Quando viajamos usamos tecnologia em quase tudo, nas fotos que tiramos, nos mapas digitais, nos aplicativos, nos cartões de crédito, nos meios de transportes, nos hotéis, restaurantes e atrativos. É quase impossível viajar hoje sem utilizar a tecnologia.

Os segmentos do turismo com o avanço da internet, globalização e a transformação dos padrões de consumo, também foram ampliados. Hoje temos, além dos segmentos clássicos, o turismo de raízes, tecnológico, geek, mórbido, hedonístico, espacial, glamping e muitas outras variâncias.

 Contudo, eu não acredito que o turismo virtual seja uma modalidade de turismo!

Calma, deixa eu argumentar...

1º O turismo envolve toda uma cadeia produtiva: hospedagem, bares e restaurantes, atrativos turísticos, transportes, informação, comunidade local e prestadores de serviços. O “turismo virtual”, neste contexto, já não congrega o consumo de nem 5% do trade turístico citado.

2º O turismo é fruto do capitalismo, disseminado pela globalização, logo, o cerne da atividade envolve gerar receita. Receita essa que é distribuída para todos, ou quase a maioria, dos pertencentes a cadeia produtiva do turismo. O “turismo virtual” não gera divisas significativas, e muito menos recolhe impostos para a gestão, planejamento e controle da atividade turística.

3º Esse para mim, é o fator mais decisivo. Turismo envolve deslocamento! Sem deslocamento não há turismo, mas esse deslocamento se dá no tempo-espaço, quando você sai de seu local de residência e viaja para conhecer outro local.

Durante as visitas online pelo Google Earth, ou vendo vídeos no You Tube, você não pode sentir e perceber os cheiros, sabores, a temperatura, o sobe e desce das montanhas, a mudança do clima, o chão que você pisa, o vento nos cabelos, o sol no horizonte e o bate-papo com a comunidade local.

Não posso negar que o “turismo virtual” é uma espécie de vivencia, que vai te trazer informação, conhecimento e entretenimento, mas não é por isso que essa “vivencia” pode ser considerada turismo.

O “turismo virtual” não entra nas estática do turismo, ou você sabe quantos passeios virtuais foram feitos no último ano? Quantos empregos o segmento gerou? Qual foi a receita? Qual foi o crescimento? Qual é o futuro?

Os tours virtuais durante a quarentena foram essenciais para desconectar a mente, para entreter e conhecer mais sobre outros lugares. Mas isso não foi uma viagem, não foi turismo. Até porque, por meio dos tours você recebeu informações que te permitem decidir agora se você quer ou não visitar o destino, equipamento e/ou monumento.

Você pode sim visitar online lugares, aprender mais sobre eles e se entreter, mas isso não será turismo. Até porque nunca ouvi ninguém dizer que foi no show do artista X pelo YouTube, assim como, nunca ouvi ninguém colocar as fotos nas redes sociais de seu passeio virtual pelo Google Maps. 

Aliás, vira e mexe vejo gente de outras áreas dizendo que tudo é turismo, e que também nada é turismo. Nós, precisamos ter claro quais são os limites e possibilidades do nosso campo, não devemos aceitar tudo, e nem rejeitar tudo! Devemos lutar pelos conceitos do turismo, e pela não banalização de seus estudos e teorias.

 

Mas e ai, existe “turismo virtual” para você?


Comentários

  1. Quero saber a opinião de vocês! Deixem nos comentários;;;

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  2. Bom dia, ótima leitura. Sobre a minha opinião a respeito, anteriormente antes de ter a oportunidade de conhecer mais sobre a importância do deslocamento de pessoas para fins turísticos acreditava na possibilidade da existência da prática do turismo virtual, atualmente e aqui agradeço a disciplina que estou cursando no momento, vejo como essencial e fundamental a importância do deslocamento de pessoas para um determino destino pois só assim será possível desfrutar de todos os setores que compõe o turismo de um local, não me prorrogando mais, considero todas as suas colocações válidas e realistas.
    PS: Acredito no uso da tecnologia como um facilitador da atividade turística por fornecer informações de um local para o sujeito predisposto a atividade turística.

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  3. Interessante, É um artifício bom pelo menos sair da mente rotina na fisicamente.. Mais útil

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