Ao
longo dos anos muitos assuntos tidos como “Tabus” na sociedade ganharam espaço
nas rodas de discussões, entretanto, existem muitos outros assuntos que ainda
permanecem velados e, sequer possuem um prospecção de desvelação.
Ao
falarmos do turismo sexual, por exemplo, observa-se que pouco se aborda no meio
acadêmico do turismo sobre a prática e, ainda, muito pouco se conceitua o
turista sexual e, muito menos se entende o turismo com motivação sexual como
segmento de mercado passível de ser estruturado.
Inseridos
nestes contextos pragmáticos da prática do turismo sexual, sendo esta expressão
usada com grande frequência em outras áreas do conhecimento, como sociologia,
antropologia, geografia e outros, além do próprio senso comum, realizamos
durante os dias 11 a 18 de maio de 2015, uma pesquisa online, por meio da
plataforma Google Docs.
A
pesquisa tinha o intuito de aferir quais sãos os paradigmas conceituais
existentes no imaginário dos estudantes de turismo, profissionais formados em
turismo, individuo sem formação acadêmica de ensino superior, estudantes de
ensino superior não relacionado ao turismo, e profissionais formados em outras
áreas não relacionadas ao turismo.
Assim,
obtivemos 375 respostas. Mas em especial, versando sobre os Estudantes de
Turismo, entrevistou-se cerca de 132 estudantes. Destes estudantes, 84% afirmam
existir o turismo sexual, contra outros 11% que afirmam não existir e, outros
5% que afirmam que talvez exista.
Destarte,
torna-se possível analisar que a maioria reconhece a existência desta prática
de turismo, mesmo que esta não seja considerada pelo Ministério do Turismo como
um de seus segmentos. Entretanto, ao questionarmos os entrevistados sobre o que
os mesmos compreendem sobre o turismo sexual, pudemos observar que 30% dos
entrevistados em seus discursos relacionam o turismo sexual com práticas
ilícitas, bem como o aliciamento de menores, tráfico de pessoas, exploração
sexual e etc., já outros 70% dos entrevistados utilizam estas expressões.
Dentre as respostas dadas que
relacionam o turismo sexual as práticas ilícitas, ressalta-se as respostas: “Turismo sexual é o turismo que explora mulheres de baixa renda a fazer
sexo em destino turístico”; “Mulheres e
crianças que são prostituídas para estrangeiros”; "abuso de menor”; “Prostituição de menores, cujo público
são turistas”.
Já dentre as
respostas das pessoas que não relacionam, salientas os discursos que o turismo
sexual pode ser entendido: “a
troca de dinheiro por sexo”; “turismo em busca de sexo comercial”;
“Teoricamente ele não existe por os profissionais do turismo não apoiarem de
forma alguma a prostituição”.
Por meio disto, torna-se possível observar que
mesmo as pessoas que não relacionam com atividades ilícitas, verifica-se o
turismo sexual ligado ao sexo pago, ou seja, comercial.
A partir das entrevistas
aplicadas na plataforma Google com o intuito de obter o conhecimento sobre os
paradigmas conceituais existentes no imaginário dos estudantes de turismo sobre
a expressão turismo sexual, pudemos verificar que por mais que a maioria tenha
assinalado e justificado a existência do turismo sexual, há um considerável
percentual utilizaram em suas respostas vocábulos que denotam um sentido
pejorativo a expressão.
Embora a expressão Turismo Sexual
seja empregada em diversas áreas do conhecimento, em especial, no turismo,
verifica-se que nos principais órgãos que aplicam diretrizes para a atividade
turística não reconhecem o turismo sexual como uma segmentação de mercado e,
assim a temática não dispõe de espaço de discussão na grade curricular de
ensino do futuro Bacharel em Turismo.
Contudo, nossas entrevistas
demonstraram que 84% dos entrevistados afirmaram existir turismo sexual. Destarte,
observa-se que existe um nicho de mercado quando se menciona a existência do
turismo sexual, porém, pelo termo estar associado a práticas ilícitas como
pedofilia, aliciamento de menores, exploração sexual, prostituição e tráfico de
pessoas como demonstrou nossa pesquisa, o termo possuí uma conotação pejorativa
em considerável parte do imaginário dos estudantes de turismo. Assim, a
atividade não recebe uma análise mais plausível pelos acadêmicos do turismo e
pela própria sociedade em geral, uma vez que ela está arraigada de valores
morais e éticos.
Temas polêmicos no contexto
atual surgem como assuntos velados que não devem ser debatidos. Entretanto,
entendemos como o papel da academia, seja ela vinculada a sociologia, historia,
turismo entre outras, debater quaisquer temas que sejam desconhecidos ou
censurados pela sociedade em geral, para que assim torne-se possível desvelar
estigmas e promover a disseminação do ensino como uma fonte de conhecimento
extramuros das universidades e faculdades.
A falta de discussão sobre o
tema, pode ser, ou não, uma das razões pelo quais não notou-se um consenso
entre os conceitos, ou seja, não visualizou-se pensamentos e ideias similares
sobre o assunto, pois mesmo as pessoas que não relacionam o turismo sexual com
atividades ilícitas, disserta que o turismo sexual está atrelado a prostituição
e, somente poucos entrevistados explanam uma diversidade significativamente
maior da prática deste tipo de atividade turística.
Colaboração:
Profº Juliana Maria Vaz Pimentel
Doutoranda em Geografia pela Universidade
Federal da Grande Dourados (2014). Mestre em Geografia pela Universidade
Federal da Grande Dourados (2013).Graduada em Geografia pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002).Especialista em Metodologia do
Ensino Superior (2006) e Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica (2010).
Artigo Publicado: Revista Bragantina OnLine
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