Certo
dia de sábado decidi sair logo pela manha, lá pelas 9h, e dar uma andada pelo
centro de Joanópolis. Senti-me encantado ao ver os turistas chegando com um
olhar de deslumbre, apontado para Igreja Matriz de São João Batista e depois
tirando a tão desejada fotografia que provavelmente irá servir de recordação
daquela experiência.
Acho
interessante a percepção de alguns turistas, pois eles conseguem ver beleza
naquilo que consideramos cotidiano e obsoleto. Os turistas conseguem dar vida
nova a alguns lugares, ou, podem simplesmente faze-lo regredir.
Continuei
minha caminhada e desci até o Coreto da Praça, ao olhar ao redor pude vivenciar
o cotidiano das manhãs de sábado em Joanópolis: os idosos a conversar, crianças
correndo de um lado para outro da praça, pessoas lendo jornais, moradores
passeando, barraquinhas singelas de artesanato, movimento nas ruas e padarias e
os turistas desfrutando do ambiente.
Tudo
tão natural para uma manhã de sábado em uma cidade do interior paulista
encostada na Serra da Mantiqueira. Porém, havia alguma coisa de diferente,
alguma coisa que não estava nos hábitos dos que frequentavam a praça naquele
momento, era algo mais paisagístico, algo que faltava no centro da cidadezinha.
Geralmente,
quando vamos ao centro de cidades menores, com poucos habitantes e de caráter
histórico, olhamos para as fachadas das lojas, casas, padarias e farmácias e
voltamos ao passado, vivemos aquele espaço como se ele tivesse parado no tempo
e todo o conjunto arquitetônico nos traz a ideia de raiz, ou seja, a ideia de
identidade com o local, pois percebemos que ali originou outras coisas e que
aquele espaço não surgiu da noite para o dia, mas que possuí tem anos e anos de
histórias.
Entretanto,
essas características não pude observar no centro de Joanópolis, desde o
calçamento das ruas a arquitetura das casas. As antigas e largas ruas de
paralelepípedo do centro foram remodeladas, ficando estreitas e ganhando ares
de centros comerciais metropolitanos. As casas do passado estão dando espaço
para os comércios que não param de crescer.
Já
as poucas casas que resistem estão entregues ao acaso, perdidas no tempo e
desconectadas da sua função histórica. A marcha para o futuro está se tornando
tão esmagador que até os monumentos resistentes, quando não se entregam aos
intuitos comerciais, caem na deterioração temporal.
A
modernidade tornou-se algo imediato, necessário, plausível de ser obtida. Mas,
o passado por sua vez, tornou-se algo do atraso, obsoleto, e que necessita
urgentemente ser destruído e modificado.
Ao
andar pelas ruas do “centro histórico” de Joanópolis florescem em minha mente
vários questionamentos e pensamentos, mas em especial, será que conseguiríamos
crescer sem um passado? Será que esse passado não é digno de ser preservado?
Ou, do que seria do homem sem História?
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