Arte Silvio Alvarez, http://silvioalvarez.blogspot.com.br/ |
Muitas pessoas já
trabalharam ou vão trabalhar de garçom, a profissão é bem peculiar, exigindo
certa destreza, discrição, agilidade, desenvoltura e outras qualidades a mais
para executar a arte em alguns locais.
Em alguns restaurantes
mais refinados é necessário alguns requisitos a mais, por exemplo, possuir
conhecimentos sobre os serviços, idiomas e tratamentos. Por conta disso,
existem inúmeros cursos e especializações. Saindo do ônus da qualificação,
vamos mergulhar no universo enigmático, trabalhoso e corrido que é o dia a dia
do garçom.
As funções do cotidiano
dos garçons são várias, dependendo do lugar onde se trabalha. Entre elas está
arrumação das mesas, organização do salão, organização dos réchauds (fogareiro de metal, em prata ou inox, usado para manter a
comida quente num buffet),
atendimento de mesas, auxílio no bar, limpeza da mesa, limpeza do salão e
outros. O cotidiano de um garçom geralmente compreende essas atividades em
ordem cronológica.
Mas, em especial, o
mais interessante nesta profissão são os clientes. Particularmente, somos estudantes
de antropologia na prática, pois lidamos com diferentes idiomas, gostos,
culturas, níveis sociais e, principalmente, com humores e personalidades
diferenciadas.
Quando a profissão é
realizada no restaurante de um hotel, algumas características nos hóspedes são
mais ressaltantes, como exemplo, notam-se os distintos tipos de hóspedes, dos
humorados, os animados, os agitados, os mal-humorados e os exigentes.
O mais interessante é
que nós somos as pessoas que sabemos mais dos hóspedes do que os outros
funcionários, mas não porque nós perguntamos e sim porque quando atendemos as
mesas ouvimos inúmeras histórias e as conversas dos mesmos.
Às vezes não queremos
ouvir, mas mesmo assim ocorre. Nesse ouvir detalhes cortados de conversas
acredito que nos deparamos com alguns relatos bem intrigantes, entre eles brigas
de casais e discussões, piadas entre os hóspedes, comentários sobre as outras
mesas. Um bem interessante que ouvi recentemente foi mais ou menos assim:
Estava na mesa o pai, mãe, sogra, genro e
filha, presenciei a conversa no momento que fui tirar o pedido de bebidas:
-
Genro: Amor você
acha que sou louco?
-
Filha: Não, louca
sou eu por ter casado com você!
Sim, foi bem engraçado.
Claro que já conhecia os hóspedes da mesa e já tinha um contato maior, mas
mesmo assim fiquei sem jeito.
Ainda nessa mesa
presenciei outra conversa no momento que fui retirar os pratos:
- Genro:
Vocês vão subir agora?
-
Filha: Por quê? Você
vai subir soltar o barro?
Esse já foi um pouco
constrangedor, mas ao mesmo tempo bem engraçado. Lembro-me que eles olharam e
falaram que se eu fosse escrever um livro sobre isso iria ficar rico, que só
ali daria umas 10 páginas, a partir disso rimos juntos.
Apesar dos
constrangimentos, a relação que criamos com alguns hóspedes e clientes é realmente
extraordinária. Criamos um laço de tal forma que sentimos falta dos mesmos
quando se vão, às vezes a relação é tão bacana que espelhamos os outros neles.
Claro que também
existem àqueles chatos e bem exigentes, que não dão um bom dia ou uma boa
noite, mas mesmo assim todos eles são bons aprendizados. Por essa razão que é
necessária certa desenvoltura, pois lidar com diferentes perfis de públicos
requer uma cautela.
As gratificações vindas
dos elogios dos clientes são sempre bem vindas e acolhidas com grande
satisfação, bem como as críticas, pois ambas servem como aprendizado. Mesmo
assim, a tão famosa e desejada caixinha também é sempre bem vinda, saliento que
em alguns países a caixinha é obrigatória culturalmente (consulte na internet
antes de viajar).
Para aqueles que já
trabalharam nessa profissão espero que tenham se reconhecido e simpatizado com
os relatos expostos, mas mesmo assim existem inúmeras histórias que cada garçom
leva consigo. A profissão possui atividades no dia a dia que são legais de
realizar e outras nem tanto, mas acredito que o diferencial desses
profissionais é o relacionamento ímpar com o público, afinal o garçom é o
cartão de visita de qualquer restaurante.
Materia Publicada Na Revista Bragantina Online |
https://www.scribd.com/doc/252859693/Revista-Eletronica-Bragantina-On-Line-Janeiro-2015 |
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